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  • Resgate e memória das árvores do IFC – campus Concórdia

    Ouvi contar uma história de alguns que por aqui passaram, história essa que conta um pouco da memória que guardam as árvores que se foram e outras que ainda aqui estão. Contam que o Pinheiro dominava essa área onde antes nada havia, área devastada, muitas foram ao chão, dando lugar ao orgulho local da ocasião. Logo após ser implantada, a instituição almejada abriu os braços com o pórtico da entrada, que precisava de algo especial, uma árvore de intensa floração, perspectiva de renda pra região. Assim, o Kiri foi plantado, deixando até hoje recordação.

    O que conto agora é de causar curiosidade. A Imbuia, plantada na década de 60, é árvore georreferenciada, produtora de sementes, logo, de importância nacional sem cobrar nada.

    E não para por aí… Uma aqui ainda marca presença: remanescente da mata nativa local, o Ipê-amarelo, cumpre até hoje sua função: disseminar sua prole encantando os que por aqui passam, causando emoção.

    Idos de 1987, entrada do prédio do Ensino Médio, é plantada uma muda trigêmea de Jacarandá. Todas as três de igual potencial, mas pra se evitar competição entre a espécie duas delas teriam que ser eliminadas. À época, sem ter muita escolha é pedido a uma aluna que, exercendo sua função, tome a difícil decisão… Assim, tão logo escolhida, as duas outras foram dizimadas. E a remanescente até hoje encanta na época de sua florada.

    Na mesma época, dizem, sugere-se que se inicie uma “Horta Medicinal”, sugestão prontamente acatada a mesma foi implantada e aos alunos tendo proposta lançada: “aquele que trouxer uma planta medicinal terá sua nota valorizada”… Olha no que deu… a Espinheira-santa assim foi plantada.

    Se falar de símbolo de resistência e longevidade do Jerivá tem que lembrar. Conta-se que pela envergadura e beleza ao CTG foi incorporado, protegido, bem no meio da construção. Continua até hoje digno de admiração. Em 1994, serviu de símbolo de confraternização no encontro de ex-alunos, fazendo da data uma celebração… Criado o TECNOESTE, em 1999, Jerivás foram plantados para embelezar o local em questão. Até hoje estão lá, legítimos de contemplação.

    E assim, continuando a história lembrou-se outro que por aqui muito tempo andou: e o Timbó? O valor simbólico deste é de um tipo muito especial. Por ser planta nociva para o gado foi e é muito “perseguida”, principalmente pelo produtor rural, que procura o eliminar sempre que próximo aos pastos detectar. Ora, essa percepção exclusivamente utilitarista pode favorecer sua extinção, comprometendo a biodiversidade, pois faltará uma rede de conexão entre todas as demais e o ambiente físico, em geral, e que, por isso, tem ele um papel ecológico primordial.

    E tem mais…. até Trilha Ecológica já se tinha. O que não pode deixar passar despercebido é um dos pontos visitados. Do que eu falo? Do Umbuzeiro. Dizem que a árvore chamava atenção pela envergadura do tronco que sua base alcançava. A visita ao umbuzeiro, logo abaixo do ginásio de esportes, ficava no início de um pequeno bosque, roteiro integrante da Trilha Ecológica da Escola Agrotécnica Federal de Concórdia, na época idealizada. Chegando até ele, se tinha a opção de adentrar uma “picada” que o tronco da árvore contornava. Na parte inferior do declive lá estava ele, de grandiosidade incomparável. E sabe que até chuva tinha???? De um líquido que, aparentemente, brotava de sua folhagem e caía sob a quem seus pés se abrigasse, o que explicava o fenômeno? Possivelmente à ação de insetos que das folhas se alimentava. A impressão era a de que a árvore “chorava”.

    A trilha se seguia e outro ponto visitado era da Canela-pururuca , mesmo de tronco oco a vida nela não se inviabilizava.

    E a história continua, espero sem ter parada … e veio o Cedro…. e veio a Corticeira…. e veio o Butiazeiro… o Açoita-cavalo… e veio…

    A história que as árvores contam tem aqui seu começo esboçado, mas não se espera contar o seu fim. O ambiente, como a própria História, está em constante mudança, mudanças que se contam e recontam a cada dia, recheadas de pensamentos de cada um que por aqui passa.

    Afinal, memórias, reminiscências, nostalgias de algumas gerações estão entrelaçadas nos galhos dessas árvores…, respiram e sobrevivem por meio de suas folhas… fazem sombra a nossos pensamentos e aliviam nosso cansaço diário nos dias de verão. Frutificam, a cada lembrança dos que por este espaço passaram e se enraízam na história de nossa instituição.

    A semente está lançada. Participe conosco da construção dessa memória.